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Política

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Na Aleac, deputados e governo do Acre debatem com produtores impacto da pauta fiscal do boi

Na Aleac, deputados e governo do Acre debatem com produtores impacto da pauta fiscal do boi

Em reunião articulada pela Comissão de Legislação Agrária da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), presidida pelo deputado Pablo Bregense (PSD), representantes do governo estadual, produtores rurais, vereadores e lideranças do setor agropecuário debateram na manhã desta terça-feira (13), impactos da atual pauta fiscal do boi sobre a cadeia produtiva da pecuária de corte e, especialmente, da pecuária de cria.

O encontro substituiu a audiência pública inicialmente prevista, atendendo a um pedido do próprio governo. A decisão de realizar uma reunião mais técnica e restrita foi justificada pelo deputado Pablo como uma forma de garantir maior objetividade e encaminhamentos mais efetivos. “Apesar da audiência pública trazer notoriedade, ela acaba pulverizando o debate. Aqui, todos os lados foram ouvidos com mais atenção”, explicou.

Preocupações do setor produtivo

Produtores rurais de diversos municípios, como Sena Madureira, Manoel Urbano, Senador Guiomard e outros, compareceram em peso. A principal preocupação gira em torno dos sucessivos aumentos no valor da pauta fiscal do boi, que, segundo os relatos, está comprometendo a rentabilidade da produção, especialmente para os pequenos criadores de bezerros.

O produtor Odair José dos Passos, representante do Sindicato Rural de Senador Guiomard, expôs com clareza os efeitos práticos desses reajustes: “A pauta passou de R$ 1.160,00 para R$ 1.350,00 e agora está em R$ 1.600,00. Isso afeta diretamente quem trabalha com bezerro. O comprador alega que não pode pagar o mesmo preço, e o produtor é quem acaba perdendo”.

O sindicalista também alertou para o risco de evasão comercial: “Hoje, o Acre tem a maior pauta da região Norte. Isso pode incentivar a circulação clandestina de gado via outros estados, como o Amazonas, onde a pauta é menor. Precisamos de mais transparência sobre a política da Sefaz e previsibilidade sobre o que vem pela frente”, complementou.

Críticas e propostas

O deputado Pablo Bregense reforçou o desequilíbrio fiscal enfrentado pelos pequenos produtores: “Hoje, o frigorífico paga menos de 2% de imposto, e o produtor paga 12%. Isso é uma balança que está desequilibrada e penaliza quem está na base da cadeia”, disse.

Em seguida, o pecuarista Geraldo Pereira também chamou atenção para a necessidade de correção do processo: “A pauta estava sendo debatida num fórum que não tem legitimidade legal para definir base de cálculo de tributos. Isso é atribuição exclusiva da autoridade fiscal, com base em lei. Propus ao secretário da Fazenda a criação de uma comissão legítima, com participação da Federação da Agricultura e representantes da categoria”, pontuou.

Propostas estruturantes

Ainda durante a reunião, o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), apontou caminhos concretos para destravar gargalos históricos. Ele destacou a legislação estadual que permite a compensação ambiental por meio de florestas públicas para pequenos produtores com até quatro módulos fiscais (até 400 hectares). “Essa lei está em vigor. Falta apenas o governo regulamentar. Se isso for feito, podemos avançar muito na regularização ambiental, especialmente em assentamentos rurais”, enfatizou.

Já o deputado Eduardo Ribeiro (PSD), reconheceu a decisão técnica da Secretaria da Fazenda como acertada, ao manter a pauta abaixo dos valores de mercado. “Conversava agora há pouco com o Gênesis e ele dizia que a venda está em torno de R$ 1.700 a R$ 1.800. A pauta está dentro de um valor assertivo”, afirmou.

Além disso, Eduardo enfatizou a necessidade de enfrentar desafios estruturais, como a rastreabilidade e a regularização ambiental. Ele lembrou que a Aleac já avançou em marcos legais e cobrou celeridade na regulamentação por parte do Executivo. “O secretário Leonardo já informou que está trabalhando na instrução normativa. O Imac também deve lançar até o fim do mês o licenciamento ambiental online, uma conquista construída por essa Casa”.

Compromissos do governo

O secretário de Governo, Luiz Calixto e o da Fazenda do Acre, José Amarísio Freitas, afirmaram que o Estado está aberto ao diálogo e reconhece a importância do setor rural. “Em nenhum momento a Secretaria tachou o produtor de sonegador. Pelo contrário, sabemos do esforço e das dificuldades enfrentadas. Nossa intenção é construir soluções conjuntas”, disse Amarísio.

Amarísio se comprometeu ainda com a criação de uma comissão para acompanhamento contínuo da pauta, com reuniões a cada três meses: “É possível revisar para cima ou para baixo, dependendo da realidade de mercado. O importante é manter o equilíbrio entre arrecadação, sustentabilidade e estímulo à produção”, complementou.

Encaminhamentos

Ao final, os participantes encaminharam como prioridade: A criação de uma comissão paritária para acompanhar a pauta fiscal; Regulamentação da Lei de Compensação Ambiental; Avaliação técnica da cadeia de valor do boi no Acre e o Estreitamento do diálogo entre produtores, parlamento e governo.

O deputado Pablo Bregense finalizou o debate.