Jéssica Souza dos Santos foi morta em 19 de julho, em Cruzeiro do Sul, após ser atingida por linha enquanto pilotava uma moto. MP requisitou a abertura de um inquérito, mas após um mês depois, não há atualizações sobre investigações pela Polícia Civil
Um mês após a morte da bióloga Jéssica Souza, de 33 anos, atingida no pescoço por uma linha com cerol em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, as investigações ainda não apontaram para novos desdobramentos sobre o caso.
O g1 entrou em contato com a Polícia Civil da cidade, que não retornou o contato. O Ministério Público do Acre (MP-AC) também ainda não divulgou novas atualizações além do que foi noticiado inicialmente.
A reportagem também entrou em contato com o marido da vítima, Kelvin Vieira, que disse que recebeu algumas informações, mas que a corporação pediu sigilo sobre os detalhes. Ele também afirmou confiar no trabalho da polícia.
A bióloga morreu no dia 19 de julho após ter o pescoço atingido por uma linha com cerol enquanto pilotava a motocicleta na ladeira da Rua do Purus, próximo à Escola Dom Henrique Ruth, no bairro João Alves.
No mês passado, além de instaurar o inquérito para apurar a morte da bióloga, a Polícia Civil de Cruzeiro do Sul também recebeu uma requisição formal do Ministério Público do Acre (MP-AC), que acompanha o caso.
A 2ª Promotoria de Justiça Criminal determinou que a investigação tivesse prazo de 30 dias, com relatórios a cada 15 dias e um documento final ao término.
Nesse período, estavam previstas diligências como perícia no local do acidente, coleta de imagens de câmeras, registro fotográfico e oitiva de testemunhas e familiares.
As apurações também incluem a análise do tipo de linha utilizada, caso o material seja localizado. O principal desafio, segundo o inquérito, é identificar quem soltava a pipa. Caso tenha sido menor de idade, a responsabilização deve seguir o que prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
No entanto, um mês depois, tanto o MP quanto a Polícia Civil seguem sem divulgar detalhes sobre o andamento ou possíveis conclusões das investigações.
Uso de cerol é crime
O uso de cerol, mistura cortante de cola com vidro moído, ou da chamada linha chilena é proibido no Acre desde 2024, quando entrou em vigor a Lei Estadual nº 4.394. A legislação veda o uso, posse, comercialização, fabricação e importação dessas substâncias em qualquer contexto.
Além da legislação estadual, o Código Penal Brasileiro, no artigo 132, prevê punições para quem coloca outras pessoas em risco, com pena de detenção de 3 meses a 1 ano.
Nos últimos anos, o cerol deixou de ser apenas um “brinquedo perigoso” e passou a representar uma ameaça à vida. Vários estados brasileiros, incluindo o Acre, vêm reforçando campanhas educativas, e o Ministério Público tem cobrado ações das autoridades locais.