..::data e hora::.. 00:00:00

Economia

23.1 digital master pmrb iptu premiado 2025

Opositores usam PEC do ICMS para ‘minar’ Bolsonaro nas eleições

Opositores usam PEC do ICMS para ‘minar’ Bolsonaro nas eleições

Presidente tenta evitar a pressão sobre sua gestão com o alta dos combustíveis, enquanto adversários tentam mostrar que medida é eleitoreira

A proposta de zerar o ICMS sobre o diesel e gás de cozinha ainda causa reboliço dentro e fora do Congresso Nacional. Enquanto governistas se mobilizam para tentar o número de assinaturas necessárias para a tramitação da proposta, opositores usam as redes sociais e pronunciamentos para minar Jair Bolsonaro (PL) nas eleições deste ano.

Embora esteja na segunda colocação nas pesquisas de opinião, Bolsonaro tem aproveitado a máquina pública para reverter a reprovação do seu governo e tentar alavancar sua popularidade entre os eleitores “arrependidos” de 2018. O alvo, agora, é a área econômica, principalmente o preço dos combustíveis.

Na proposta anunciada nesta semana, o governo pagaria uma recompensa aos estados que aceitassem zerar a alíquota do imposto para favorecer os caminhoneiros. A divergência fica nas incógnitas sobre o pagamento de indenização e nas perdas que os estados devem sofrer com a medida.

Outro ponto que causa insegurança é o fato do Senado agilizar a proposta que limita o ICMS para 17% sobre os combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte público.

“Brincadeira de mau gosto”, declarou o secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, Felipe Salto.

A equipe política de Bolsonaro ascendeu o alerta nos últimos dias: a possibilidade de ataque de adversários. Inicialmente, o governo tinha medo que o preço dos combustíveis fosse alvo de críticas e acabasse minando a campanha do atual chefe do Planalto. No entanto, opositores tentam usar a proposta de Bolsonaro para reduzir a aprovação de seu governo.

Adversários enumeraram os prejuízos aos estados com a redução da alíquota e afirmaram que a medida proposta pelo presidente é apenas para fins eleitorais. Eles ainda lembram da validade da proposta — até 31 de dezembro de 2022 — e da possibilidade de novos reajustes da Petrobras.

“É picaretagem zerar o ICMS porque em dezembro os preços voltam a subir de novo. Trata-se evidentemente de uma medida meramente eleitoreira e completamente ineficaz. Ela não ataca a verdadeira raiz do problema: a famigerada política de preços da Petrobras e os lucros abusivos”, declarou Ciro Gomes.

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, ressaltou o desrespeito com o Pacto Federativo e lembrou os prejuízos para a educação e saúde caso a PEC seja aprovada.

“A proposta de Bolsonaro não passa de um estelionato eleitoral e uma verdadeira bomba fiscal para o próximo governo. A atual proposta, combinada à tentativa de privatização da Petrobras, é apenas um paliativo com o objetivo do governo ganhar tempo,  evitando desagradar o mercado com alguma mudança na PPI ou os eleitores com novo reajuste no preço dos combustíveis, que pela atual regra do PPI já se encontra 20% defasado”, diz.

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o  perfil geral do Portal iG

“Além de desrespeitar o pacto federativo, a proposta de Bolsonaro tem um forte componente de irresponsabilidade social. A medida pode significar perdas de cerca de R$ 20 bilhões para o Fundeb, de R$ 11 bilhões para o SUS e reduzir a receita de estados e municípios. O ressarcimento aos entes federados, se houver, será feito com outorga da Eletrobras e royalties da Petrobras, o que significa comprometer o patrimônio público com uma ação incerta, com duração apenas até o final do ano”, concluiu Mercadante, que está entre os nomes econômicos na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Simone Tebet (MDB) também se opôs à proposta nos bastidores, mas ainda não fez declarações públicas sobre a PEC dos Combustíveis. Já Luciano Bivar (União Brasil) se mostrou favorável à proposta em conversa com interlocutores.

Preço dos combustíveis

Criado em 2018 pelo então presidente Michel Temer, a política de preços dos combustíveis considera a volatilidade do dólar e do preço do barril de petróleo no mercado internacional. A proposta original tinha objetivo de agradar o mercado e parear os combustíveis brasileiros com o cenário mundial.

No entanto, a inflação registrada no país nos últimos anos, somado a crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19, obrigou a Petrobras a fazer diversos aumentos nos preços dos combustíveis e instalou mais uma crise, dessa vez no Palácio do Planalto.

Com a bomba prestes a estourar, Bolsonaro apelou para os impostos. Jogou a culpa pelos preços dos combustíveis nos governadores e mexeu suas peças no Congresso Nacional para viabilizar medidas de redução de impostos.

A primeira tentativa foi a redução temporária de impostos federais sobre o diesel. Em seguida, foi a vez da PEC dos Combustíveis, projeto que poderia criar uma bomba fiscal no país e provocou confusões no Ministério da Economia.

Agora, o governo parte para novo rumo com intuito de limpar seu nome e jogar mais uma bomba para os governadores. A Câmara dos Deputados aprovou um projeto que limita o ICMS dos combustíveis, transporte público, energia elétrica e telecomunicações em 17%. O texto foi encaminhado ao Senado, mas as discussões sobre a proposta devem ultrapassar a segunda-feira (13), data em que o governo pretendia colocar a matéria em votação. Governadores já se declararam contrários à matéria e ressaltaram a necessidade de discussão sobre as perdas dos cofres estaduais.