O distanciamento entre o Palácio Rio Branco e o senador Alan Rick (UB) aumenta de forma progressiva. No início do ano partiu a determinação do Palácio Rio Branco para a demissão sumaria de todos os cargos alocados na estrutura de governo, cuja indicação sofreu a influência do senador. A ação extemporânea e unilateral azedou o relacionamento político do governo com o grupo de Alan Rick.
Mágoa
Agora, em resposta a um comentário postado pelo jornalista Luiz Carlos Moreira Jorge, do Blog do Crica, onde o escriba dava conta que o afastamento entre o senador e o grupo governista partia de um comando do governador Gladson Cameli (PP), restando patenteado que este não deseja uma reaproximação, o senador Rick foi peremptório em contestar e descartar qualquer entendimento, em que pese a ação de interlocutores construindo pontes para a pacificação.
Caminhos distintos
“Sou eu que não quero papo com esse cara. Já mandou recados por assessores e amigos em comum, pedindo uma reaproximação de mim. Fui eu que disse não! Gladson é adversário. Ele foi ingrato e desleal comigo”, escreveu Rick em uma mensagem encaminhada ao jornalista.
Futurologia
Neste cenário, o espectro político identificado com a direita entra rachado na disputa ao governo em 2026, o que prenuncia uma peleja entre as candidaturas do senador Alan Rick (atualmente no UB) e da vice-governadora Mailza Assis (PP).
Cenários
Alterações nesse roteiro dependem, em parte, do que sobrevier do julgamento no STF da ação que envolve o governador Gladson Cameli, que pode resultar na mudança do atual cenário, determinando, inclusive, a permanência do governador no cargo até o final do mandato, caso seus direitos políticos sejam suspensos, sobrevindo a unção de um novo nome para a disputa do governo. É aguardar!
Livres para voar
Os deputados Eduardo Ribeiro e Pablo Bregense, o Tio Pablo, eleitos em 2022 pelo PSD, estão livres para deixar o partido sem a retaliação com a perda dos mandatos. A notícia veio à baila no dia de ontem,26, dando conta que as cartas de liberação houveram sido assinadas pelo senador Sérgio Petecão, presidente regional do PSD, na semana passada e já foram entregues por um membro da direção da legenda aos dois parlamentares.
Particularidade
Com a liberação oficial, Pablo e Ribeiro estão liberados para filiação em outra legenda partidária, sendo desconsideradas, por conseguinte, as normas que caracterizam a trânsfuga do mandato, que pela legislação eleitoral vigente pertence à agremiação partidária que deu guarida ao eleito a época do pleito. A saída de Ribeiro e Pablo Bregense já era esperada há algum tempo, dado o distanciamento de ambos da direção e das discussões internas do PSD.
Fogo intenso
A folga do final de semana não foi capaz de arrefecer as críticas à decisão do governo de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), anunciada na última quinta-feira. Os ataques vieram de todos os lados: da oposição no Parlamento, de empresários e até de integrantes do governo Lula, que consideraram a medida inadequada.
Pajelança
Ontem, segunda-feira, 26, as conversas de bastidor que tomaram conta do final de semana ganharam corpo na arena política de Brasília. Ao final do dia, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que vai colocar em discussão, entre os líderes partidários, o projeto que pretende cancelar o aumento do IOF.
Pressão
Os presidentes da Câmara e do Senado vêm sendo pressionados, não só por políticos da oposição, a dar continuidade a um decreto legislativo para cancelar o aumento do IOF, protocolado ainda na sexta-feira. Integrantes do setor produtivo também se organizam para pressionar o Congresso a barrar o aumento.
Passo atrás
Em um manifesto assinado por sete confederações nacionais — entre elas, a da indústria (CNI), do agronegócio (CNA) e do comércio (CNC) —, os representantes do setor privado dizem esperar que o “Congresso se debruce sobre o tema e avalie, com responsabilidade, a anulação do teor do decreto do governo federal”.
Relatoria
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, será o relator do inquérito que investiga se o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro tem atuado contra o Judiciário brasileiro durante sua estada nos Estados Unidos.
Inquérito
No último domingo, 25, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, protocolou pedido de investigação contra o parlamentar. Na segunda, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, instaurou o inquérito e decidiu que Moraes seria o relator.
Oitiva
Em uma de suas primeiras decisões, Moraes determinou que o ex-presidente Jair Bolsonaro deponha no inquérito em até dez dias. O ministro do STF quer que Bolsonaro esclareça o que o filho está fazendo nos Estados Unidos, já que o ex-presidente afirmou que sustenta Eduardo no exterior.
Influência maléfica
Paulo Gonet justificou o pedido de abertura do inquérito afirmando que Eduardo tem atuado nas redes sociais e concedido entrevistas a veículos de imprensa com a intenção de influenciar o julgamento do processo que vai decidir se seu pai atuou na tentativa de golpe de Estado em 2022.
Ação coordenada
Eduardo Bolsonaro e alguns dos apoiadores mais fiéis do ex-presidente têm atuado de forma ativa nos Estados Unidos para que o país aplique sanções ao ministro Alexandre de Moraes. Na semana passada, em uma audiência no Congresso americano, o secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que sanções contra Moraes estão em estudo e que “provavelmente” serão adotadas. (Estadão)
O outro lado
Nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro reagiu afirmando que os processos no Brasil se transformaram em um “meio de achaque”. O deputado licenciado ainda disse que o inquérito contra ele reforça a tendência do governo de Donald Trump em aplicar sanções contra Moraes.
Alto lá
Autoridades do Brasil e dos Estados Unidos intensificaram os contatos neste último fim de semana para tratar das ameaças do governo do presidente Donald Trump ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Por meios diplomáticos, a mensagem transmitida aos americanos é que a aplicação de sanções contra Moraes causaria um “desastre” nas relações bilaterais.
Sanções
Na última quinta-feira, durante uma audiência no Congresso americano, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou que a possibilidade de sanções existe. Foi a primeira vez que um membro do governo daquele país falou claramente sobre o tema.
Reação
Segundo interlocutores do governo brasileiro, a primeira reação do Palácio do Planalto foi determinar uma resposta forte a Rubio, por considerar que esse tipo de medida é uma afronta à soberania nacional. Porém, o Itamaraty argumentou que não seria pertinente uma reação neste momento. A avaliação é que as conversas “subiram de nível”.
Atiçando
Uma das razões para que fosse escolhido o diálogo e a diplomacia é que um tom mais alto do Itamaraty colocaria “mais lenha na fogueira” de Eduardo, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele deixou o mandato de deputado federal e, dizendo-se perseguido pelo ministro do STF, foi morar nos EUA e faz oposição sistemática ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Face oculta
Outra razão é que existe uma avaliação na área diplomática que, por trás das ameaças, há interesses de grandes plataformas da internet. O STF quer regularizar o setor. Um integrante do governo lembrou que duas big techs entraram com ação contra Moraes na Justiça da Flórida.
Entendimento
Brasil e EUA negociam, desde março deste ano, um acordo para que o tarifaço de Trump não prejudique as exportações brasileiras. O presidente americano anunciou a criação de uma sobretaxa de 25% nas importações de aço e alumínio do mundo todo e impôs para o Brasil uma tarifa de 10% sobre os bens embarcados para aquele país.