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Merenda é feita com carne estragada e pelancas em escola no Acre, denunciam funcionários e alunos

Merenda é feita com carne estragada e pelancas em escola no Acre, denunciam funcionários e alunos

Diretora do Colégio Jornalista Armando Nogueira foi afastada do cargo pela Secretaria de Educação (SEE). Com a repercussão do caso, gestora informou que a secretaria sabia da má qualidade da carne entregue

A merenda dos alunos da Escola Jornalista Armando Nogueira, em Rio Branco, estava sendo feita com carne estragada e com pelanca. A denúncia foi feita por meio de um vídeo gravado na cozinha do colégio mostrando a qualidade da carne entregue para a merenda.

“Gente, está aqui nossas condições de trabalho. A carne que vem para o colégio, é esse tipo de carne aqui que a gente fica lutando para tirar uma carne que preste para os meninos comerem. Se tira 50 quilos, 15 quilos, 20 quilos é só de pele. O resto vai para o fogo. Olha as peles que vêm. São nossas condições de trabalho, a carne que vem para o colégio é assim. Não só hoje, mas toda vez que vem a carne é nessas condições”, diz uma servidora nas imagens.

A Secretaria de Educação, Cultura e Esportes informou neste domingo (14) que afastou a diretora do colégio e que foi ‘aberto processo administrativo interno para apurar a denúncia em relação à qualidade da carne fornecida à escola’. Veja detalhes abaixo.

A avó de uma aluna enviou a denúncia ao g1 nesse sábado (13). A mulher, que pediu para não ter o nome divulgado, relatou que já foram feitas várias denúncias sobre a qualidade da merenda servida no colégio, contudo, nada foi feita até então.

“Na verdade, várias denúncias já foram feitas quanto à merenda escolar servida nas escolas pelo Estado. Mas nada chegou até a Justiça. Espero que dessa vez chegue até as autoridades competentes e que haja justiça. Minha neta tem dias que fica com fome e chora quando chega em casa. Não tem nem lanche para vender, pois proibiram a venda de salgados lá fora. Ela vai começar a levar marmita de casa”, relata a parente.

Em outro vídeo, a mulher mostra a situação do vaso sanitário do banheiro masculino. No vídeo, ao dar descarga, a água sai pelo cano e cai do lado de fora do vaso sanitário. “No banheiro feminino não tem vaso e nem luz”, lamenta.

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Educação foi informada

A avó da estudante enviou áudios, que seriam da diretora da escola, explicando como funciona o procedimento de entrega da carne usada na merenda. A gestora diz que a proteína chega congelada no colégio e é entregue à equipe.

Com a repecussão da qualidade da carne utilizada na merenda, a escola divulgou uma nota destacando alguns pontos referentes à denúncia. Veja abaixo.

Segundo ela, a Secretaria de Educação era informada sobre a quantidade de pele entregue junto com a carne e era solicitado que o fornecedor recolhesse a pelanca e entregasse uma carne boa no lugar da pele.

Os áudios teriam sido enviados em grupos de mensagens com pais e responsáveis dos alunos após a denúncia da carne estragada. O g1 não conseguiu contato com a diretora da escola.

“O fornecedor não vai, jamais, ficar esperando o gestor descongelar 70 quilos de carne para verificar se está boa e mandar voltar. Tem outras escolas para atender e vai embora. Depois que a gente coloca pra descongelar, as meninas fazem a triagem, verificam quantos quilos de pele vieram, a gente estava reportando à secretaria e deixava essas peles para devolver depois, chamava o fornecedor para vir buscar e repor a carne que estava faltando. Às vezes acontecia [de vir buscar], às vezes não vinha buscar. Tudo isso é de conhecimento da secretaria”, afirmou.

Ainda na explicação da gestora, foi enviado documentos à SEE relatando a qualidade do arroz e da carne recebidos para a merenda escolar. “Já deveria ter tomado uma providência. Avisado à secretaria foi, temos documentos que comprovam que a secretaria foi avisada sobre isso”, rebate.

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Veja nota na íntegra da Escola Armando Nogueira

Escola Jornalista Armando Nogueira vem a público esclarecer acerca da denúncia sobre a qualidade da carne.

1. A carne chega congelada, impossibilitando a verificação imediata da sua qualidade.

2. Se o gestor se recusar a receber uma carne congelada por “suspeita” de má qualidade, essa não será reposta imediatamente, gerando assim, falta do alimento previsto no cardápio para os alunos.

3. A gestora não recebeu qualquer resultado oficial da sindicância instaurada por servir um prato de comida aos funcionários de uma escola em tempo integral. Ressaltamos que desde 2017 foi adotado esse procedimento nas escolas integrais, pois os funcionários cuidam dos estudantes e fazem pedagogia da presença no almoço.

4. Serão todos os gestores culpabilizados pela merenda de má qualidade que vem sendo entregue nas escolas? E todos aceitarão essa culpa?

5. Tal fato foi reportado à Secretaria (temos documentos comprovando). Após ser reportado que tanto a carne quanto o arroz não estavam com boa qualidade, não deveriam ter sido tomadas as providências junto aos fornecedores? Porque não tomar uma atitude e sempre culpabilizar os gestores por algo que já deveria ter sido resolvido junto ao fornecedor?

6. A Escola se coloca a disposição da imprensa para eventuais esclarecimentos.

Nota na íntegra da SEE

A Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE), a respeito da qualidade da carne fornecida aos alunos da escola de ensino integral Armando Nogueira, vem esclarecer que:

A responsabilidade do recebimento da carne e da verificação da qualidade é da gestão da escola, de acordo com o contrato.

À Secretaria de Educação cabe licitar, indicando as especificações, priorizando sempre a qualidade do alimento que deseja receber, e pagar pelo produto que solicitou.

Assim sendo, se está chegando outro tipo de carne que não o licitado pela SEE, cabe à equipe gestora informar e, inclusive, não receber o produto, comunicando o fato ao Departamento de Alimentação Escolar da Secretaria.

Esclarece, ainda, que não é por conta de “denúncias” que tenha feito em relação à qualidade da carne que a gestora em questão está sendo afastada do cargo, mas, é por conta do não cumprimento dessas e de outras responsabilidades inerentes ao cargo que qualquer gestor poderá ser afastado ou responder, inclusive, processos administrativos.

Por fim, a SEE informa que será aberto processo administrativo interno para apurar a denúncia em relação à qualidade da carne fornecida à escola e reafirma o compromisso em fornecer uma alimentação da melhor qualidade a todos os estudantes e, ainda, o respeito com a transparência em todos os processos que envolvem a Educação.

Aberson Carvalho
Secretário de Estado de Educação, Cultura e Esportes

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